sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"DICIEMBRE"

Dezembro é sempre dezembro. Mês triste, momentos de reflexão, de atitudes impulsivas, de lembranças... E é exatamente nesse mês que se passa a história da peça chilena chamada “Diciembre”, de texto e direção de Guillermo Calderón.
A peça conta a história de duas mulheres que se reúnem no Natal de 2014 com seu irmão soldado que luta contra o Peru no norte do Chile e que quer voltar à frente de batalha. Uma das irmãs não quer que ele volte e tem um plano para escondê-lo, já a outra tem a mesma opinião do irmão e diz que vai denunciá-los se eles levarem o plano a diante já que considera isso uma traição a pátria, o que o deixa mais indeciso, já que ele foi muito afetado por sua experiência na batalha.
Durante toda a narrativa, o que pode ser notado é que na verdade ambos os personagens possuem conflitos internos extremos. Não possuem opiniões totalmente convictas, mas sim adeptas de sentimentos que a todo momento se confrontam e que os fazem repensar, mesmo que sejam apenas repensados em silêncio. O que os mantém mesmo com suas maneiras de pensar durante maior parte da história, é na verdade o orgulho que possuem.
O irmão soldado é o mais maleável, visto que possui uma carga de experiência bastante dura e variada; não sabe ao certo se quer mesmo voltar a combater ou se prefere voltar para viver em “paz” com as irmãs e cuidar devidamente delas, que até onde ele sabia, estavam grávidas e não se sabia de quem.
A peça com duração de 75 minutos aproximadamente, vai dando posições a cerca da “realidade da guerra e seu poder transformador da consciência coletiva e da realidade doméstica”, como é citado em texto descritivo da peça, no site do FIAC BA (Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia). É uma peça que mostra como a política e os ideais mechem com a vida das pessoas, e como elas podem entrar em conflitos em busca do que se acha mais correto e adequado.
Não há mês mais especial para tratar com sinceridade de assuntos que são importantíssimos, como o mês de Dezembro. Mês onde devemos refletir sobre todos os nossos atos, sobre todas as coisas que realmente possuem influencia suficientemente grande em nossas vidas, mês onde devemos começar ou continuar a priorizar a vida!

HERBERT DE PERTO.

Lição de vida? É. Assim pode ser vista a trajetória desse homem que com toda sua determinação, força e talento, a tantos encantou e continua encantando. Herbert Vianna, nascido em 1961, paraibano, vocalista de uma das bandas de maiores sucessos desse país: “Os Paralamas do Sucesso”, como o próprio nome já sugeria, possui uma história de vida bacana e digna de ser representada para toda a sociedade.
O filme, de nome “Herbert de Perto. Vida e música do líder dos paralamas do sucesso”, dirigido pelos cineastas Roberto Berliner e Pedro Bronz e produzido pela empresa “Os Quatro”; conta a vida de um dos mais talentosos músicos do Brasil. Passa ao público toda a maneira de pensar e viver do músico, desde seus ideais, até suas conquistas e perdas. O que é mais surpreendente é ver que o Herbert vê as imagens do filme, como muitas coisas do seu passado, e passa toda a sua emoção atual o que faz com que o filme se torne exatamente um documentário fiel de sua pessoa.
O cantor e compositor Herbert Vianna, sempre viveu em muitos lugares, todos eles de diferentes culturas, o que o fez possuir uma grande visão das coisas e situações de nosso país, e lhe deu um maior embasamento para suas composições, todas elas tão reais ao Brasil e as pessoas que dele fazem parte.
O talento do músico foi algo notado desde pequeno, quando começou junto ao irmão mais velho Hermano Vianna a ter aulas de violão, visto que Herbert tinha uma facilidade incrível com o instrumento e que em poucas aulas já estava ensinando o professor. Mas foi morando em Brasília que ele teve os primeiros contatos reais com a música, ao conhecer Bi Ribeiro e outros moleques, dentre eles o pessoal da Peble Rude, Renato Russo e os músicos da Legião Urbana.
Iniciada uma grande amizade com Bi, Herbert pôde pensar e trabalhar bastante para que sua formação inicial de banda desse certo, e foi com a aparição meio inusitada de João Barone que esse sonho pôde de fato se tornar realidade. Em pouco tempo “Os Paralamas do Sucesso” estouraram nas rádios e fizeram sucesso com todo aquele jeitinho de compor, de tocar e de cantar, que esse trio parada dura possuía.
O filme é um relato totalmente fiel aos sentimentos do Herbert, todas as situações que tiveram um significado em sua vida, seja esse significado bom ou mau, todas as coisas que sustentaram sua vida profissional e pessoal. Mas o que realmente marcou bastante a história desse homem foi o acidente que lhe deixou hospitalizado durante 44 dias (parte desse período, em coma), o fez ficar paraplégico e perder parte da memória e que lhe tirou também sua mulher Lucy Needhan-Vianna, inglesa, de 36 anos, com quem teve duas filhas.
Como um grande exemplo a ser seguido por todas as pessoas que almejam ser felizes e vencerem na vida, Herbert lutou muito para conseguir voltar a cantar e a tocar, mesmo em uma cadeira de rodas. Lutou e continua lutando bastante também para conseguir seguir em frente sem o grande amor de sua vida, pelo qual compõe músicas até hoje, pelo qual cuida com tanto carinho das filhas, pelo qual vive e pelo qual esperar reencontrar.
O Filme é uma grande produção, pensada com muito carinho e dedicação por todas as pessoas responsáveis por sua realização. Uma produção que passa fielmente todos os anseios e as alegrias desse músico que tanto influenciou na criação de uma nova maneira de ver, de pensar e de produzir música nesse país. À Herbert Vianna, grande homem, um salve geral!